Os mágicos do Photoshop

sexta-feira, 17 de julho de 2009



Estão mexendo demais, deixando com cara de boneca de porcelana. Isabeli Fontana.

Existem fotos tão modificadas, que a modelo fica parecendo um robô, uma barbie. Raica Oliveira

Acho as modelos mais bonitas quando saímos para jantar, sem maquiagem. Marcelle Bittar.

Ninguém é mais bonito quando parece de plástico. Raquel Zimmerman.

Em um mundo onde a imagem impera, a beleza se tornou algo artificial e inatingível. Pessoas gastam fortunas com cremes e tratamentos estéticos para conseguir uma pele perfeita, semelhante às modelos que estampam as capas das revistas. E assim, como Dorothy, trilham o caminho das pedras amarelas, em busca de algo mágico. Se a heroína do mágico de Oz buscava a magia para voltar para sua casa, nos dias de hoje, pessoas procuram pelas mágicas soluções estéticas para encontrar seu lugar ao sol dentro dos padrões de beleza impostos pela mídia.

Contudo, até que ponto vale pagar qualquer preço ou fazer qualquer sacrifício para atingir aquilo que não existe? Afinal, a maioria de nós já sabe que os rostos perfeitos das capas de revistas não são obras do mágico de Oz, mas sim, dos mágicos do photoshop. As próprias modelos se sentem incomodadas. Tanto que aderiram ao movimento iniciado por um fotógrafo alemão, e divulgaram suas fotografias sem retoques e sua opinião sobre os excessos foi divulgada pela revista Época.

Essa perfeição a qualquer custo para a publicidade e os editorias de moda, constrange as modelos, que declaram preferir a beleza real, natural. Os ideais de beleza perfeita, todavia, não são algo do mundo moderno. Já estava presente nos gregos, antes mesmo da invenção da máquina de escrever. As esculturas do período Helênico não se encaixam no padrão real. Toda imperfeição era retirada, modificada. Para os gregos, importava transmitir apenas o que era belo. E na sua visão, o belo tinha que ser perfeito. Nossos mágicos do photoshop não tiveram nenhuma idéia inovadora ao utilizar os excessivos retoques para tornar as modelos deusas do Olimpo. Apenas regradiram muitos séculos. Em vez de pensar de maneira única, trouxeram de volta à vida o ideal grego. O que é cruel, dado o massacre que a mídia faz à tudo que se encontra "fora dos padrões". Ter celulite, olheiras, estrias, rugas de expressão. O normal está fora dos padrões. O autêntico não se encaixa no conceito de beleza da mídia, que em filmes, novelas e até na publicidade satiriza aquilo que não é tão belo assim ( ou melhor, que não é perfeito) e faz com que muitas pessoas sintam-se levadas a seguir esta corrente de que é necessário ser perfeitamente belo, independente das consequências.

Eu espero, sinceramente, que as pessoas presas à perseguição incessante da beleza perfeita e irreal, apesar de todo o apelo da mídia, consigam se libertar. E, assim como Dorothy e seus companheiros, percebam que elas já possuem o que precisam. Que a verdadeira beleza vem de dentro para fora, está no caráter, na educação, no respeito e no amor ao próximo.


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