Egoísmo e ingratidão

quinta-feira, 11 de novembro de 2010



Não é novidade que eu acomponho blogs de mães. Mas, vira e mexe por causa da correria no trabalho acabo acumulando uma semana (ou mais) de posts para ler. Atualizando, hoje a leitura do blog da Mariana,  eu li um post de 26/10/10, onde ela fala sobre a morte do Theo, filho da Aline. A última vez que li sobre o Theo, seu diagnóstico era de sindrome de má absorção intestinal e ele tinha que tomar uma leite muito caro, o Neocate. Quando soube da morte dele hoje, eu fui ler os posts que não tinha lido. Fui ver toda a saga de internações, exames, perde peso, ganha peso, desnutrição, melhora, piora, novos médicos, descaso hospitalar com dieta específica para o internado, negligência com mateiral coletado para exame, novos diagnósticos, cirurgia. No blog da Aline eu vi fé, força, esperança. E refleti.
Todo o período em que Theo estava sofrendo me foi alheio porque eu dizia não ter tempo para ler os blogs, pois estava organizando o meu casamento. Eu me senti tão egoísta, por passar meses, sem sequer imaginar que, enquanto eu estava planejando um dia tão importante na minha vida, um bebê estava sofrendo. E pensei em todas as pessoas que assim como eu, tocavam suas vidas tranquilamente, desconhecendo que assim como o Theo, milhões de crianças sofrem todos os dias, por motivos iguais ou diferentes mais sofrem. Pensei que se cada um de nós não fosse tão egoísta e tão centrado na sua própria vida o mundo com certeza seria um lugar melhor. Porque todos nós teríamos um tempo para dedicar ao nosso próximo, para ajudar alguém, para oferecer qualquer tipo de ajuda, um ombro amigo, um abraço. Lembrei também que nenhum de nós agradece por ser perfeito, saudável por ter uma família saudável e feliz. Nosso eu é insaciável, sempre queremos mais. Não somos gratos pela felicidade que temos, estamos sempre insatisfeitos, queremos mais. Só que nunca pensamos que o que nos falta não está em nós, está no próximo. Seremos mais felizes se fizermos o próximo feliz. Mas, quem de nós realmente pensa nisso ou age assim? Quem de nós relamanete se envolve ou faz algo para amenizar o sofrimento alheio? O máximo que a nossa consciência vã permite para nos eximir de culpa são umas esmolinhas em dinheiro, umas doações para o Teleton, o Criança Esperança ou um orfanato qualquer. Um donativo e tudo está resolvido, é o que proclama o nosso ego.
O que realmente me dói e me faz chora, é pensar que um criança teve que morrer dolorosamente, para que eu pudesse refletir sobre todas estas coisas e sentir o peso do meu egoísmo. É pensar que Deus planejou o Theo e com essa trajetória de vida tão curta, ele nos deixou uma mensagem tão forte. Pena que nem todos conseguirão decifrar esta mensagem. E o meu luto hoje, não é pelo Theo, porque ele está nos braços de Deus, mais feliz neste momento do que qualquer um de nós. Neste instante Deus pegou o theo no colo e provalvemente falou: "Viu, filho, você cumpriu a sua missão, passou a sua mensagem, mudou uma vida." Meu luto hoje é por causa do meu próprio egoísmo. Que a partir de hoje, Deus me ajude a sepultá-lo de uma vez por todas.


Share/Save/Bookmark
Related Posts with Thumbnails